quarta-feira, 17 de junho de 2015

ILUSÕES COMUNS

Num descampado, a luz do céu ilumina cada recanto da mata. As nuvens se embaralham e encantam os passarinhos. Estou andando na grama e assustada com as emoções conturbadas que me atravessam. Há uma desorganização tão grande no meu olhar que as cores da Natureza se esvaem. A loucura das relações me tirou do prumo e, sem poder de escolha, saí a esmo pelas liberdades de um dia desconhecido. Não consigo chorar... Não consigo falar... Apenas um passo de cada vez e as cenas passadas me perturbam e me matam. Não gosto de perturbação... Não gosto dos descontroles... Gosto dos meus pensamentos, limites, sentidos e suspiros. Gosto do que é meu, pronto! Porém, um dia, distraída, fiz uma dupla: alimentei corpo, sangue, dias e mente. O mundo estava dobrado e ampliado: agora, era ‘nosso’. Cada registro era uma surpresa, uma prova, e eu acreditei em extensões: meus braços podiam alcançar tudo e a mim sem pudores. Às vezes chamam isso de maturidade. É fácil suspirar a liberdade da cama. É difícil compreender os limites da casa. Eu fui nós, mas, sem reparar ou cuidar dos nós, dei linha na experiência por fraqueza e franqueza: era preciso viver. Hoje meus pés são tristes e meus olhos os acompanham: é o fim. Sem um fato, o processo é incoerente, suado e cheio de desvios de terra batida, sem árvores e nenhum som. Quero ocupar de novo meu lugar de eu, mas me perdi completamente. O labirinto é fechado e eu só posso crer numa salvação sem direção. Eu serei salva? Eu espero... De qualquer jeito, eu sempre espero... É uma passividade ativa: por dentro, no orgânico e no imaginário, há movimentos. A cabeça vai e volta, procurando... O olhar sobe e desce, indecente... Eu daria tudo por um espelho: é a calma de antes. Porém tudo está aos pedaços e doendo na pele. De repente, um susto: uma poça d’água me guarda em segurança... Sem ponto de contato ou pensamento, mergulho...


Claudia Nunes 2010

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